O potencial deste fruto no Algarve parece positivo, revelando-se uma alternativa sustentável e rentável para os agricultores locais. A procura pela fruta está a aumentar e ainda existe um mercado inexplorado.
Devido ao seu aspeto invulgar, este fruto – mais conhecido por “fruta do dragão” – começa a ganhar popularidade nas quintas do Algarve. Este fruto, de origem tropical e pertencente à família dos catos, tem despertado a atenção dos produtores da região devido à crescente procura por parte dos consumidores, bem como à sua capacidade de adaptação ao clima do Algarve.
Segundo Amílcar Duarte, professor da Universidade do Algarve, a planta, originária do México e da América Central, é única porque «poupa água, o que é importante no Algarve». “Já existe há muito tempo em Portugal e no Algarve, mas só recentemente começou a produzir fruta”, afirmou o investigador em declarações à agência Lusa. Portugal parece estar a seguir o exemplo estabelecido pelo Brasil, Israel e China, que têm investido na sua produção nos últimos anos.
Uma comunidade próspera no Algarve
Sob a direção de Amílcar Duarte, foi desenvolvido um projeto financiado pela UE para investigar a viabilidade do cultivo da fruta do dragão no sul de Portugal. O campo experimental localiza-se nos arredores de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António e concluiu-se que este é um cultivo viável tanto em estufa como ao ar livre, desde que não haja geadas.
O campo experimental, que conta com cerca de 800 plantas, já produz frutos que são vendidos em mercados próximos, como o mercado semanal de Olhão. Embora a fruta do dragão importada de outros grandes produtores mundiais concorra diretamente com esta produção, Duarte nota que “é uma fruta doce, agradável e muito boa para a saúde, o que a torna interessante do ponto de vista económico”. O estudioso sublinhou ainda o forte valor de mercado da fruta do dragão, que, quando cultivada nas proximidades, «atinge preços elevados» e torna a região algarvia num local viável para a sua produção.
Uma fruta rica em nutrientes
A casca da pitaia tem cores vivas e uma textura pontiaguda, conferindo-lhe um aspeto exótico. O interior carnudo, que pode ser vermelho ou branco, está carregado de minúsculas sementes pretas. O seu sabor doce e refrescante, que muitos comparam ao da melancia, torna-o perfeito para saborear nos dias quentes de verão. A fruta do dragão tem vantagens nutricionais para além do sabor, o que realça os benefícios para a saúde do seu consumo regular.
Esta fruta tropical é perfeita para pequenas explorações porque se adapta bem ao clima quente e seco do Algarve. É colhida no verão e início do outono. O investigador da Universidade do Algarve observou: “Oferece um elevado rendimento por unidade e tem suscitado muito interesse entre os pequenos agricultores”, sublinhando a importância da diversificação de culturas numa área que luta consistentemente com a escassez de água.
Qualidade do Algarve face aos rivais globais
A pitaia cultivada no Algarve tem uma vantagem competitiva face a outras regiões, mesmo face à concorrência dos produtores estrangeiros. A agrónoma responsável pela área experimental, Ana Rita Trindade, afirma que as plantas do Algarve proporcionam um produto de maior qualidade. Enfatizou a frescura da fruta local dizendo: “Esta pitaia é muito melhor porque é colhida muito mais perto do ponto ideal de consumo do que a importada de outros países”.
Este fruto tropical cultivado no Algarve pode revelar-se uma alternativa sustentável para os agricultores da zona, com os preços por quilograma a atingirem os oito euros. Passados cinco anos, Trindade reconhece que é uma cultura economicamente atraente, realçando o facto de os consumidores portugueses, que antes eram cépticos em relação à fruta do dragão, estarem agora “satisfeitos” com a sua qualidade.
O Futuro da Pitaia no Algarve
Os produtores e consumidores de pitaia no Algarve estão cada vez mais interessados neste produto. Ana Rita Trindade observou: “Cada vez mais, nos últimos anos, tornou-se claro que as pessoas já sabem consumir fruta do dragão”, fazendo uma comparação entre comer esta fruta e comer uma melancia “muito fresca”. A pitaia é vista pelos produtores como uma forma de alargar a sua linha de produtos e um caminho promissor para as pequenas explorações agrícolas que lidam com questões como a escassez de água e a necessidade de culturas de maior valor.
A indústria frutícola algarvia parece ter um futuro risonho pela frente, com uma procura crescente e mercados inexplorados a torná-la uma opção viável e rentável para os produtores locais. A “pitaia” tem vindo a ganhar popularidade entre os portugueses e a trazer consigo novas perspetivas para o crescimento do setor agrícola no sul do país.
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